A equipe médica que faz o atendimento do pequeno Arthur, recém-nascido atingido por uma bala perdida dentro da barriga da mãe, na Favela do Lixão, em Duque de Caxias, disse nesta segunda-feira, durante uma coletiva de imprensa, que o quadro de paraplegia do paciente pode ser revertido. O bebê está internado no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, e seu estado é grave.
Seria precipitado dizer se ele vai ficar paraplégico ou não. É possível que o quadro seja revertido. O foco agora é manter ele respirando e bem alimentado - disse o neurocirurgião Eduardo França, que participou da entrevista ao lado do secretário de saúde de Duque de Caxias.
O pai da criança, Klebson da Silva, conseguiu registrar a criança na tarde desta segunda. A mãe do menino, Claudineia dos Santos, segue internada no Hospital moacyr do Carmo e se recupera bem, segundo o próprio marido. Segundo ele, Claudineia, que ainda não sabe da gravidade do quadro do filho, deverá ser transferida para a enfermaria da unidade.
Ela está tranquila e me pediu até maquiagem - contou ele ao sair da visita.
Mais cedo, a delegada Raíssa Celles, titular da 59ª DP (Duque de Caxias), disse que vai ouvir três policiais militares que participaram do tiroteio na Favela do Lixão, momentos antes de a paraibana Claudineia dos Santos, de 29 anos, e seu bebê, que ainda estava na barriga, serem feridos por bala perdida. Segundo Raíssa, há indícios de que o tiro que atingiu a mãe e a criança partiu da arma de algum traficante que atacava os policiais, no momento em que deixavam a comunidade. Claudineia também deve ser ouvida, ainda nesta segunda, no próprio hospital.
Além dela, o pai da criança também será ouvido. Klebson dos Santos deverá relatar aos agentes o que a mulher possa ter lhe contado sobre o tiroteio em que foi baleada.
O bebê estava no nono mês de gestação quando foi baleado na orelha e no ombro. O tiro entrou na coxa esquerda de sua mãe. Na ocasião, Claudineia havia acabado de sair de um mercado quando começou um confronto entre traficantes da Favela do Lixão, onde mora, e policiais militares do 15º BPM (Caxias). Os PMs afirmaram, em depoimento na 59ª DP (Caxias), que foram atacados e não reagiram. Ela foi levada por moradores da favela para o hospital. Claudineia e o marido moram há um ano e meio na comunidade.
O Globo