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PF conclui que Temer tentou obstruir investigações da operação Lava Jato

A Polícia Federal concluiu e entregou na tarde desta segunda-feira 26 ao Supremo Tribunal Federal o relatório sobre as relações de Michel Temer com a JBS.

A PF constatou que Temer incentivou pagamentos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a fim de comprar seu silêncio no âmbito da Operação Lava Jato, e que por isso atuou para obstruir investigações.

O incentivo ocorreu durante uma conversa com Joesley Batista, dono da JBS, no Palácio do Jaburu, cuja gravação foi entregue pelo empresário à PF. A perícia oficial do áudio concluiu que não houve edições.


Segundo a PF, Temer atuou "por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção da Magistratura Federal e do Ministério Público que lhe fora narrado pelo mesmo empresário".

O documento da Polícia Federal diz ainda que Temer deixou de comunicar as autoridades sobre suposta corrupção de membros do Judiciário e do Ministério Público. Na mesma conversa, Temer foi informado que Joesley 'comprou' um procurador da República para obter informações de um processo contra a J&F, acionista da JBS. O empresário disse ainda a Temer que "deu conta" de um juiz e "uma segurada" em outro.

No relatório preliminar, a PF já havia apontado a prática do crime de corrupção passiva por Temer, em sua relação com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que recebeu, a pedido de Temer, uma mala com R$ 500 mil da JBS.

O documento também conclui que o ex-ministro e um dos principais assessores de Temer, Geddel Vieira Lima, também cometeu crime por ter manifestado interesse em manter pagamentos a Lúcio Funaro, que está preso e é apontado na Lava Jato como operador de propinas de Cunha.

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Em relatório final, PF diz que Michel Temer embaraçou investigações

André Richter - O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou o relatório final sobre as investigações das delações da JBS, enviado no início da noite à Corte pela Polícia Federal (PF). No documento, a PF diz que o presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Vieira Lima cometeram crime de embaraço às investigações. A acusação é baseada no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa, com o presidente, em março, no Palácio do Jaburu. A assessoria do Palácio do Planalto informou que não irá se manifestar sobre o relatório.

"Cumpre-nos, à luz do exposto, respeitando o espectro cognitivo próprio desta sede indiciária, concluir pela prática, em tese, das condutas típicas abaixo especificadas: Michel Miguel Elias Temer Lulia, por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que Ihe fora narrada pela mesmo empresário", diz trecho do relatório.

Perícia

A PF também concluiu que não houve edições ou fraude no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista com Temer. O relatório chegou ao Supremo e foi rremetido à Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão que será responsável por eventual denúncia ao Supremo contra o presidente e Geddel. A perícia na gravação foi solicitada pela defesa de Temer, no mês passado. Os advogados questionam no STF a legalidade da gravação e afirmam que há muitas contradições no depoimento de Joesley Batista.

No mesmo documento, a PF acusa o ex-ministro Geddel Vieira Lima "por ter manifestado interesse junto a executivos do Grupo J&F na manutenção de pagamentos a Lúcio Bolonha Funaro, como forma dissuasória de eventual colaboração com a Justiça, monitorando junto a familiares de Funaro o seu ânimo para tal iniciativa", diz o relatório.

Na semana passada, o ministro Edson Fachin, relator da investigação sobre o presidente, abriu prazo para a PGR se manifestar sobre o inquérito para investigar o presidente. Com a decisão, a procuradoria tem até amanhã (27) para decidir sobre eventual denúncia contra o presidente e outros citados nas investigações, entre eles, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).



Brasil 247