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Conheça em vídeo um pouco da cultura das abelhas nativas da Caatinga, em Conceição

As abelhas fazem parte da vida do homem desde os primórdios. Na Bíblia, que começou a ser escrita cerca de 1600 anos a.C., já há várias citações falando a respeito delas. A mais conhecida talvez seja a que narra o episódio que envolve um dos heróis bíblicos: Sansão.

Quando ele passou pela carcaça de um leão que ele mesmo havia matando encontrou uma linda colmeia e se fartou em seu mel. O mel era tanto que levou também para sua família (Juízes 14.8-9).


Essa realidade não mudou. Em pleno século XXI ainda se mantém essa parceria com esses pequenos insetos voadores que, em sociedade, conseguem produzir quantidades absurdas dessa substância açucarada a partir do néctar das flores. O mel contém proteínas, diversos sais minerais e vitaminas essenciais à nossa saúde. Tem sido usado tanto na dieta do homem como também na medicina, já que apresenta propriedades antibióticas naturais. Além do mel as abelhas também produzem a própolis, de importante valor medicinal.

Segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), A fauna apícola da Caatinga é representada por 187 espécies de abelhas, distribuídas em 77 gêneros. Trata-se de uma baixa diversidade de espécies quando comparada com outros ecossistemas. No entanto, nela predominam espécies endêmicas e raras, sendo os meliponíneos, abelhas nativas sem ferrão, um dos grupos mais representativos.

Os meliponíneos estão distribuídos nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Ao todo, somam aproximadamente 400 espécies, das quais quase a metade ocorre no Brasil. Na Caatinga ocorrem cerca de 11 espécies. No município de Conceição, as mais conhecidas são: Cupira (Partamona seridoensis), Abelha-branca (Frieseomelitta doederleini) e Manduri (Melipona asilvai), conforme vídeo abaixo captado por nossa equipe na região do sítio Bolsão, próximo à Mata Grande.

A maioria dessas abelhas – meliponíneos - usa ocos de árvores para alojar seus ninhos, mas algumas nidificam em cupinzeiros e em cavidades de muros. Entre as árvores encontram-se umburana de cambão (Commiphora leptophloeos), algarobeira (Prosopis juliflora), pau-ferro (Caesalpinia ferrea), umbuzeiro (Spondias tuberosa), umburuçu (Pseudobombax sp.), favela (Cnidoscolus quercifolius), catingueira (Poincianella pyramidalis), jatobá (Hymenaea courbaril), baraúna (Schinopsis brasiliensis), sete-cascas (Tabebuia spongiosa), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e mandacaru (Cereus jamacaru).

No que se refere às inter-relações com a flora, essas abelhas são importantes agentes polinizadores, principalmente de espécies ameaçadas de extinção. Sem a ação polinizadora dessas abelhas muitas espécies florestais não produzem flores e frutos e correm o risco de extinção. Como formam o ninho em geral em árvores e se alimentam do que tiram das flores, são muito dependentes da preservação da mata onde estão. A degradação do meio ambiente, principalmente o desmatamento, é a maior ameaça às abelhas. Elas necessitam de um ambiente contínuo para ter mais chance de encontrar outras abelhas da mesma espécie e que não sejam geneticamente parecidas. Por isso, a degradação das florestas – seja para vender madeira, plantar, criar gado – tem impacto enorme na existência desses animais. O raio de atuação de cada colônia é relativamente pequeno, cerca de um quilometro, então elas precisam de um ambiente saudável, com todos os recursos de que necessitam. É um via de mão dupla elas são responsáveis por manter a saúde da natureza com a polinização e a floresta em pé oferece energia e vida para as abelhas melíponas.

Além disso, poucas pessoas sabem que diferentemente da Apis – conhecidas como abelhas italianas ou africanas - as melíponas não conseguem reconstituir uma colônia quando a sua é destruída, porque a rainha-mãe não consegue mais voar. As Apis formam aquele enxame, voam juntas para outro local e constroem a colmeia novamente. Já a colônia nativa costuma simplesmente morrer se a árvore em que está instalada é retirada. Por isso a extração de mel das espécies nativas deve ser diferenciada, sem a destruição de seus ninhos, pois do contrário estaremos contribuindo para a extinção dessas espécies em um período curto de tempo. A regra é: extrair, utilizar e consumir, sem destruir e extinguir. Assim teremos os benefícios dessa substância doce e nutritiva por muitas e muitas gerações.







Por Pastor Fred
Fontes: wikipedia