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IMAGEM FORTE! Namorada está grávida de três meses, diz mãe de jovem que foi linchado e amarrado em poste. LEIA!

A história de Cledenilson Pereira da Silva, de 29 anos, linchado após tentar assaltar um bar em São Luís, mostra que a vítima era pobre, usuário de drogas, desempregado, não possuía passagens pela polícia e provavelmente seria pai no fim deste ano. 

O perfil, semelhante ao de muitos brasileiros, foi revelado pela mãe adotiva Maria José Gonçalves, de 51 anos, entrevistada pelo G1 nesta sexta-feira (10).

"No velório, vi uma menina chorando bastante e perguntei quem era. Era a namorada dele. Foi aí que fiquei sabendo que ela está grávida de três meses do meu filho", declarou emocionada a mãe.

Nesta manhã, Maria José e o pai Antônio Pereira da Silva, 53, foram à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para prestar depoimento sobre o caso. 

Segundo eles, dias antes de morrer, o filho, que só tinha estudado até a 8ª série, havia comentado sobre concluir os estudos para iniciar um curso profissionalizante. Comentou ainda que tinha interesse em alugar uma casa para morar com uma namorada.

"Teve um dia que ele chegou muito feliz em casa e eu sem entender nada. Só me falou dos planos que tinha. Não deu tempo nem de ele me contar a novidade [que seria pai]", lamentou.

Mãe de cinco filhos, Maria José disse que apenas Cledenilson não era biológico, o que não passava de um detalhe na família que mora no João de Deus, próximo ao Jardim São Cristóvão, onde tudo aconteceu - bairro considerado o 6º bairro mais violento da Região Metropolitana, segundo o Centro de Apoio Operacional do Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Maranhão.

"Todos eram tratados de forma igual e se davam muito bem. Lá em casa, ele morava comigo, meu marido (pai biológico) e mais um irmão (26 anos). Veio morar comigo quando tinha 13 anos quando conheci o pai dele. O Cledenilson nunca conheceu a mãe biológica, mas isso nunca foi problema, pois ele sempre dizia que a mãe verdadeira dele era eu", contou.

Ficha limpa
A mãe desconhece o envolvimento do filho em roubos anteriores, mas confirma que ele era usuário de drogas desde os 16 anos. Cledenilson trabalhava em oficinas mecânicas, mas ultimamente estava fora do mercado de trabalho. Ao G1, o delegado Claudio Barros afirmou que a vítima não possuía passagens pela polícia.

"Ele não chegava com nada roubado em casa e nem roubava nada de casa. Ele era calmo. Sabia que ele fumava, mas ele chegava em casa e ia dormir. Comigo, com o pai e com os irmãos ele sempre foi tranquilo. Garanto como ele era em casa, mas infelizmente não sei como era na rua com as companhias", disse.

Ela não acredita que a arma de fogo estava com o filho e também diz que não conhecer o adolescente de 16 anos que o acompanhava na tentativa de assalto. A mãe chegou a ir à rua onde tudo aconteceu, viu o poste no qual o filho foi amarrado e desabafou quanto ao crime.


"Não acreditei que fizeram isso com ele ali. Tantas casas e lojas e ninguém fez nada para evitar. Quem fez isso com meu filho deve pagar. Se ele realmente tentou roubar ou até mesmo se ele tivesse matado alguém, nem assim deveriam fazer o que fizeram, pois a Justiça existe para isso. Deveriam segurá-lo e entregar para à polícia. As pessoas que fizeram isso com ele, se não forem presas, não estarão desafiando a mim, mas sim à polícia, pois matar como mataram e não serem punidos, não pode", pediu.

Rotina violenta
Maria José conta que, no Natal de 2012, o filho se envolveu em uma briga por ter negado um cigarro a um vizinho. Na oportunidade, ele sofreu um corte profundo de faca no pescoço. Ela já perdeu outro filho, morto a tiros no João de Deus após tentar apartar uma briga. Outras duas filhas casaram - uma mora em São Luís e a outra está no Rio de Janeiro.
O irmão de Cledenilson que ainda mora com os pais também tem envolvimento com drogas. Segundo a mãe, ele está muito angustiado. "Meu sofrimento é maior, pois tenho que me acalmar e fazer o meu outro filho não ficar mais furioso ainda. Eles eram muito unidos. Faziam quase tudo juntos", revela.

Maria Gonçalves trabalhava em um restaurante em Arari, no interior do Maranhão. Ela passava 15 dias longe de casa e monitorava os filhos por ligações telefônicas. Depois da morte do filho, ela diz não ter mais vontade nem de trabalhar e, por isso, não retornou ao emprego. O pai é funcionário em uma empresa em São Luís e tenta seguir a rotina. A renda mensal na casa gira em torno de R$ 1.300,00.

Autores identificados
Segundo o delegado Cláudio Barros, as investigações estão avançadas. Ele informou nesta sexta que a polícia deve indiciar entre quatro e cinco pessoas como executores do linchamento e garantiu que todos os que tiveram participação direta ou indireta, incitando o crime, responderão na medida dos atos praticados.

Além dos pais e do adolescente apreendido, a Polícia Civil já ouviu alguns suspeitos e testemunhas. O prazo para concluir as investigações é de 30 dias, mas o delegado acredita que o inquérito será concluído antes disso.
O bar que foi alvo da tentativa de assalto continua fechado.

WSCOM