Boto-cinza é uma espécie ameaçada de extinção no território fluminense.
De acordo com a procuradora da República, Monique Cheker, a fiscalização não pode ser interrompida. “A atividade de fiscalização precisa ser constante e crescente e a deficiência material e humana existentes, em geral, nos órgãos públicos, não podem se sobrepor à mortandade de um animal em extinção”, disse. As entidades representadas na reunião e os demais órgãos fiscalizatórios farão operações conjuntas para coibir a mortandade ilegal do boto-cinza com a apreensão dos instrumentos irregulares utilizados para a prática do crime da pesca predatória.
"Esse tipo de prática [a pesca predatória] causa um problema grande e a pesca de peixes miúdos, como a sardinha e manjuba, que servem de iscas para pescadores de fora, causa um desequilíbrio ecológico e ambiental, pois acabando com esses peixes que servem como alimentos para os outros peixes da cadeia alimentar, diminui o pescado, levando o pescador artesanal a aumentar o esforço e o tamanho da rede para tentar pescar um número maior. Na rede maior é onde o boto cai acidentalmente, morrendo. O boto se alimenta principalmente de peixes pequenos que a pesca ilegal, com embarcações vindas de outros estados, captura aqui dentro”, explicou Flach.
Segundo o coordenador científico do instituto, a Polícia Federal (PF), com o Ibama e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), vão fazer um cronograma e um plano de ação para começar a fiscalização periódica na Baía de Sepetiba com o objetivo de coibir o crime ambiental. “O pescador, sabendo que não existe fiscalização, entra sem medo e comete o crime. Havendo uma periodicidade, inibirá o pescador predatório. A APA Marinha Boto Cinza será também um passo importante para a conservação da Baía de Sepetiba”, concluiu.
A Baía de Sepetiba é uma das maiores do Brasil, com 536 quilômetros quadrados. A população estimada no local fica entre 739 e 2.196 botos-cinza, que utilizam a região para se alimentar, reproduzir, socializar, descansar e se deslocar. Esta foi a primeira reunião feita entre os órgãos do setor. Estiveram presentes os representantes do Ibama, do Inea, da PF, do Instituto Boto Cinza, da Capitania dos Portos de Itacuruçá e das prefeituras de Angra dos Reis e de Mangaratiba.
Segundo o MPF, além da última reunião do dia 14, outras serão marcadas em breve para avaliar os resultados obtidos. O próximo encontro ocorrerá em novembro com os órgãos e entidades responsáveis para verificar o cronograma e o andamento da fiscalização.
Segundo informações da assessoria de comunicação do Ibama, a participação do instituto na reunião veio por meio de um convite da procuradora. Ela solicitou a fiscalização e o Ibama está analisando e formalizando o planejamento das operações, mas ainda não tem nada definido. As demandas continuarão em análise nas próximas reuniões com os órgãos e entidades e as ações serão de acordo com as necessidades do governo federal, dentro do que o instituto pode fazer.
Agência Brasil