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Por que o ebola saiu do controle? e o que o Brasil pode fazer? LEIA!

Atualização: o governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira (8) medidas na luta contra o ebola. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil doará R$ 1 milhão para a OMS usar no combate à doença. Além disso, o Ministério informa que o Brasil seguirá as recomendações da OMS e que, a partir de sábado (9), os aeroportos alertarão passageiros sobre os riscos da doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira (8) o que todos temiam: a epidemia de ebola na África ocidental se tornou uma emergência sanitária internacional. Isso significa que o surto atual representa perigo mesmo para países que nunca tiveram casos de infecção do vírus.
O ebola é um vírus particularmente fatal para humanos. Durante surtos no passado, chegou a matar 90% das vítimas. Na epidemia atual, já são mais de 1.700 casos. Desses, 961 pessoas morreram.  Os sintomas da doença se parecem, no começo, com o da gripe, mas podem evoluir para hemorragias e sangramentos nos olhos, nariz e boca.
Neste ano, os casos se espalharam por quatro países: Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Segundo a OMS, já é o pior surto da história da doença, que foi descoberta em 1976. Ao declarar emergência, a OMS traçou os fatos que fizeram o ebola sair de controle este ano. Confira os principais pontos:
Casos e mortes da atual epidemia de ebola na África ocidental segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (Foto: Giovana Tarakdjian/ÉPOCA)
Por que o ebola saiu do controle?
- A epidemia se espalhou em países com sistema de saúde muito frágeis. Guiné, Serra Leoa e Libéria não têm recursos humanos, financeiros e materiais para apresentar uma resposta adequada ao ebola. Esses países também são inexperientes, já que o ebola nunca tinha sido detectado nessa região. Por isso, as autoridades não souberam como agir logo no começo do surto, o que permitiu que o ebola se espalhasse.
- Antes limitado a pequenos vilarejos, pela primeira vez o ebola atingiu grandes centros urbanos, como as capitais Conacri (Guiné), Monrovia (Libéria) e Freetown (Serra Leoa). Como há muita mobilidade nas fronteiras, muitos pacientes levaram o vírus para países vizinhos sem saber. A chegada do ebola na Nigéria é particularmente preocupante. Lagos é uma das maiores cidades da África.
- Há muita desinformação sobre como a doença é transmitida nas áreas mais pobres das cidades atingidas. Muitos jornais locais tiveram que fazer campanhas explicando que o ebola é uma doença, não uma maldição, por exemplo. Ritos funerários que permitem o contato de parentes com o corpo da vítima também contribuiram para espalhar o vírus.
- O número de vítimas entre médicos e enfermeiros é muito alto, o que indica que as autoridades dos países não estão usando os equipamentos de segurança de forma adequada.
O que o Brasil deve fazer?
A Organização Mundial da Saúde fez recomendações aos países que enfrentam o surto e aos que correm riscos. Há também uma terceira categoria, em que o Brasil entra, de recomendações para nações que não correm risco imediato.
Segundo a OMS, não há necessidade de que o Brasil proíba voos internacionais para países do oeste africano, mas há uma série de regras a se seguir em caso de pessoas que apresentem sintomas durante voos. O país deverá preparar um material com informações dos riscos para pessoas que partam de cidades brasileiras com destino à região, e estar preparado, nos aeroportos internacionais, para isolar pessoas que vieram da região e apresentam sintomas. O Brasil também precisa monitorar se há cidadãos brasileiros nos países que enfrentam epidemia. "Os Estados precisam estar preparados para evacuar e repatriar cidadãos que foram expostos ao ebola", diz a OMS.
Aeroporto na Coreia do Sul monitora passageiros com câmera termal para identificar casos suspeitos de ebola em voos que chegaram da África (Foto: Yonhap, Choe Jae-koo/AP)