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Vídeo mostra empresas revelando fraudes em concursos da Paraíba

Polícia Civil durante operação Gabarito na Paraíba (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
Nesta segunda-feira (18), quatro suspeitos de participar de um esquema de fraudes em concursos públicos foram detidos na Paraíba. A TV Paraíba investigou duas empresas por semanas para conseguir mostrar como elas agem no estado, e desmascarou na reportagem um negócio cheio de propinas, fraudes em licitações e aprovações irregulares de candidatos. A operação Gabarito, que prendeu um advogado proprietário da Metta Concursos & Consultoria, empresa organizadora de concursos, e três funcionários da prefeitura de Caldas Brandão, ocorreu após o flagrante exibido no programa Fantástico, do domingo (17).
“A gente tem que dar ares de legalidade a coisa”, disse o dono da empresa Metta Concursos e Consultoria, que tem sede no município de Guarabira, sem saber que estava sendo gravado em uma reunião com um produtor da TV Paraíba. O produtor fingiu ser um funcionário da prefeitura de uma cidade paraibana, que queria contratar uma empresa para realizar um concurso no município. “Eu não trabalho com o ilegal, nem com o totalmente ilegal. Trabalho com a aprovação do Tribunal de Contas”, continuou o empresário.

Quando perguntado se algumas vagas podiam ser preenchidas com pessoas indicadas pelo prefeito, sem que elas precisassem obter sucesso na prova, o empresário deu resposta positiva. Ele explicou que os cartões devem ser preenchidos previamente. “Quinze dias antes você vai no meu escritório e pega todos os cartões de resposta em branco. Você leva para o pessoal indicado, colhe a assinatura e a impressão digital e me devolve. Após a prova mando todo o ofício para câmara disponibilizando todos os gabaritos que quiserem”, detalhou o dono da Metta.


Na reunião, o empresário ainda disse que há outra maneira de fraudar os exames, como aumentar o nível de dificuldade da prova. Fazendo com que a maioria dos candidatos tivessem uma pontuação menor do que a dos candidatos indicados pelo suposto prefeito.
Já um representante de uma outra empresa organizadora de concurso com matriz em João Pessoa, em outra reunião, e novamente sem saber que estava sendo gravado, explicou a maneira que eles escolhiam para aprovar candidatos indicados nos concursos, através de alterações do sistema de correções das provas depois que a empresa já tem o resultado final.
“Tem que evitar está passando vagas com nota máxima ou passar todo mundo”, explicou o funcionário se referindo a prevenções que deveriam ser tomadas para não atrair suspeitas. “Em torno de 20% e 30% das vagas devem ser preenchidas com o pessoal”, disse. Além de fraudar os concursos, o suspeito disse ainda que pode oferecer propina ao prefeito, para que a empresa seja escolhida para a realização da prova. O valor poderia chegar a 20% do lucro do concurso.
O representante explica que o esquema ilegal se inicia na licitação por carta convite, e que outras duas empresas, parceiras da organizadora de concursos, seriam convidadas a participar. O próprio representante seria encarregado de fazer as propostas de todas as empresas e recolher as assinaturas. Em um momento da reunião ele entrega ao produtor da TV Cabo Branco as certidões negativas da Receita Federal das parceiras, para que o processo licitatório fosse preparado.


Operação Gabarito
A operação Gabarito aconteceu na manhã desta segunda-feira (18) e contou com as equipes Polícia Civil, Controladoria Geral da União e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. Entre os suspeitos detidos estão um advogado proprietário da Metta Concursos & Consultoria, uma empresa organizadora de concursos, e três funcionários públicos da prefeitura de Caldas Brandão

Durante a ação quatro mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão foram cumpridos. Os mandados foram expedidos pela comarca da cidade de Gurinhém, na Paraíba. O prefeito da cidade de Caldas Brandão está viajando e não foi localizado para prestar depoimentos sobre a acusação de realizar um concurso de forma fraudulenta. Já o advogado Paulo Rocha, advogado do proprietário da Metta Concursos & Consultoria, negou todas as acusações contra o seu cliente.
Os investigados vão responder pelos crimes de frustação do caráter competivo, formação de quadrilha, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva. As penas dos crimes somadas chegam ao máximo de 21 anos de reclusão.


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G1